Por Otavio Farah, CEO do FitBank
O mercado de meios de pagamento e transações monetárias nunca viu nada igual. Em poucas semanas, as plataformas digitais dos bancos e fintechs foram impactadas por uma avalanche de acessos vindos de antigos e novos clientes. Da noite para o dia, muitas destas empresas tiveram que montar uma operação de guerra para atender uma explosão na demanda em seus canais digitais.
Não é difícil imaginar o que irá acontecer com o sistema financeiro global pós-covid.
O avanço do digital na forma como nos relacionamos financeiramente será inevitável por um simples motivo: ingressaremos em uma nova economia, um novo normal, em que o cliente irá priorizar serviços remotos no lugar de visitar as agências físicas, que por conta da pandemia já foram obrigadas a reduzir a capacidade de atendimento ou simplesmente fecharam as portas.
Quem até aqui vinha resistindo a ingressar no digital para lidar com o dia a dia das finanças pessoais e dos negócios, passará agora a priorizar o uso de meios digitais para evitar o risco da interrupção dos serviços nas agências. A migração para o digital já se acelerou nas últimas semanas e, passada a pandemia, certamente a experiência forçada de utilizar os serviços de fintechs e bancos digitais se transformará em um hábito irreversível.
Com uma maior urgência em digitalizar seus serviços, neste futuro mais imediato as fusões e aquisições com bancos também podem ganhar força, compensando a retração nos investimentos dos venture capitalists.
Os números já dão um sinal do que está por vir.
Entre a última semana de dezembro e a primeira de março, os brasileiros gastaram 35% mais horas em apps de finanças, mesmo percentual dos Estados Unidos, segundo levantamento feito pela Liftoff em parceria com o App Anie. Na Coreia do Sul e no Japão o crescimento foi de, pasmem, 85%. Somos o terceiro país que mais acessa aplicativos financeiros, perdendo apenas para China e Índia.
É conhecida nossa tradição e pioneirismo no online banking. E no mercado de fintechs também temos sido protagonistas, contabilizando 600 fintechs em operação já utilizadas por 20 milhões de brasileiros de todas as regiões do país, incluindo muitas que sequer contam com agências bancárias.
Espera-se que as que atuam no segmento de crédito enfrentem tempos mais difíceis por conta da escassez de capital e o aumento da inadimplência. Por outro lado, possivelmente veremos um número maior de casamentos com bancos tradicionais interessados na tecnologia de inteligência artificial para análise de dados, que se tornará essencial para um entendimento mais assertivo do perfil de quem pede empréstimo.
Já no segmento de soluções de bancarização o futuro depois da pandemia pode ser ainda mais promissor. Com uma maior flexibilização da regulamentação, o que já está acontecendo em países como Coreia do Sul e Estados Unidos, as fintechs tendem a ocupar maior espaço no mercado financeiro, levando a uma intensificação no acesso aos bancos digitais e na compra de produtos e serviços digitais de empresas independentes dos bancos tradicionais, bem como de empresas de fora do mercado financeiro.
Em outras palavras, negócios que já realizavam transações em plataformas digitais deverão reforçar a utilização destes canais. Por sua vez, pequenas e médias empresas que ainda operavam principalmente com os grandes bancos poderão buscar nas fintechs alternativas para minimizar os efeitos da crise, conseguindo melhores taxas nos serviços, juros mais acessíveis e, também, evitando o cada vez mais dinossáurico, e agora perigoso, hábito de pegar filas nas agências físicas.
O tão anunciado open banking deve, da mesma forma, ter sua implementação acelerada. Contar com o suporte de uma infraestrutura robusta e segura será fundamental nestes novos tempos. Se até aqui os serviços oferecidos pelos aplicativos estavam mais restritos às transações de pagamento e transferências, abre-se uma janela para ampliar a oferta em segmentos como empréstimos entre pessoas, pagamentos de benefícios, carteiras digitais e câmbio de moedas, entre outros.
E é aí que as Fintechs entram ofertando tecnologia de ponta que diminui o tempo de ingresso no sistema financeiro digital. Ao agregar seu arsenal tecnológico, elas conseguem acelerar a digitalização do atendimento aos clientes garantindo escala e segurança.
A Associação Brasileira de Internet (Abranet) estima que suas fintechs afiliadas somem 20 milhões de contas digitais, 50% delas de microempreendedores individuais e 30% de correntistas de baixa renda. É provável que uma boa parte dos recursos seja transacionada por estas fintechs, já que há demandas de curto prazo que colocarão as fintechs no centro do sistema financeiro.
A primeira delas é o coronavoucher, que deverá trazer um grande universo de desbancarizados para os bancos digitais, incluindo as milhões de contas poupança que a Caixa Econômica Federal irá abrir para fazer o pagamento do auxílio. A segunda são os financiamentos para PMEs e microempresários. O Banco Central já decidiu que irá permitir que parte das fintechs repassem recursos do BNDES, o que antes era exclusividade dos bancos.
A digitalização de processos financeiros se tornou indispensável e esta transformação, além de ter que ser feita com risco zero, deve ser rápida e eficiente, abrindo uma janela de oportunidades para as fintechs. Certamente a pandemia irá trazer maior abertura de mercado e grandes aprendizados para o setor financeiro que irão perdurar após a crise.
É o que se espera.
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