Por Gustavo Brigatto

Foi uma apresentação de menos de meia hora, mas que serviu ao seu propósito: mostrar que o sistema de registro de informações blockchain, a tecnologia por trás da moeda virtual bitcoin, tem aplicações práticas que podem ajudar no dia a dia dos bancos e de seus clientes.

Sentados em frente a três grandes telões, funcionários da B3 (empresa originada da união entre BM&FBovespa e Cetip), do Itaú-Unibanco e do Bradesco simularam hoje como o cadastro de um cliente pode ser compartilhado entre as instituições de forma rápida e segura, caso ele opte por fazer essa divisão. E isso foi feito em apenas alguns cliques, com atualizações em tempo real.

“A premissa é de que os dados pertencem ao cliente, ele escolhe com quem quer compartilhar”, disse George Marcel Smetana, analista consultor do departamento de pesquisa e inovação do Bradesco, que ajudou a criar o sistema apresentado ontem, durante evento da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), em São Paulo.

Foi a primeira vez que a Febraban apresentou ao público o que seu grupo de trabalho sobre blockchain vem fazendo. No momento, um segundo teste, também de cadastro de clientes está em desenvolvimento. A diferença agora é o uso de uma nova tecnologia como base da operação (o Hyperledger, da IBM, ao invés do Corda, do consórcio R3) e o número ampliado de parceiros: 15 bancos, mais a B3 e o Banco Central.

A expectativa é finalizar as avaliações em maio e apresentar os resultados durante a feira anual de tecnologia bancária da Febraban, o Ciab, que acontecerá entre 6 e 8 de junho. “O que se fez até agora é só a ponta do iceberg. Até o fim do ano teremos muita coisa pra mostrar. Há um apetite para fazer todo investimento necessário para estar na frente”, disse Leandro Vilain, diretor de políticas de negócios e operações da Febraban.

Tecnologia por trás da moeda virtual bitcoin, o blockchain tem recebido grande atenção dos bancos por seu potencial de redução de custos operacionais, ganho de eficiência e melhorias no atendimento aos clientes. Com ele, os dados de transações deixam de ficar armazenados em apenas um local e são distribuídos entre diversos pontos de uma rede.

Com isso, uma transferência de dinheiro, que hoje sai de um banco, passa pelos sistemas do Banco Central e chega ao outro banco, poderia ser feita diretamente entre as instituições. Bancos globais, nacionais, governos e startups têm investido para entender e criar casos de uso do sistema.

Desde o fim do ano, o Banco Central já fez dois testes para entender como o blockchain poderia ser aplicado no sistema financeiro brasileiro. ‘A tecnologia ainda está em estágio de maturação. Mas apresenta um potencial significativo. Vamos continuar os estudos”, disse Aristides Andrade Cavalcante Neto, chefe-adjunto do departamento de tecnologia da informação do Banco Central.

Segundo ele, é preciso pensar na aplicação do blockchain além da substituição de sistemas que estão em funcionamento atualmente. O ganho virá de se aplicar a tecnologia a modelos e formas de atuação novos. “É preciso achar os problemas para a solução. Eventualmente, alguma coisa que não estiver funcionando de forma satisfatória pode mudar, mas isso terá que ser bem avaliado”, disse.

De acordo com ele, a maturidade da tecnologia e os benefícios que ela vai trazer é que ditarão o ritmo de sua adoção. Na avaliação de Vera Alves, da área de negócios digitais da empresa de serviços de tecnologia Wipro, esse amadurecimento ainda levará de dois a três anos para acontecer.

Por Gustavo Brigatto para o Valor

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