Por Danylo Martins para o Valor Econômico
Startups que usam tecnologia para inovar a forma de ofertar seguro têm despertado interesse de grandes investidores e fundos de venture capital. Desde 2011, mais de US$ 4,9 bilhões foram investidos em 196 insurtechs nos EUA, segundo a CB Insights e a Accenture Analytics. Conforme os dados, 56% dos investimentos foram destinados a projetos no mercado de distribuição de seguros.
“Seguros é uma indústria bastante promissora, com muitas empresas sendo lançadas e as grandes seguradoras se aproximando das startups”, aponta Raphael Araújo, líder da área de seguros da Accenture. No Brasil, embora o movimento seja embrionário, há uma oportunidade grande de inovação e disrupção, avalia José Prado, fundador da Conexão Fintech, iniciativa que busca fomentar o ecossistema de fintechs no país.
O fundo de venture capital Redpoint tem observado de perto a inovação no setor. “Vida e previdência, por exemplo, são alguns dos segmentos com potencial enorme”, afirma Anderson Thees, sócio do fundo que, no mercado segurador, possui hoje investimento na corretora on-line Minuto Seguros. “Cada vez mais o poder computacional e os dados estão sendo usados para entender melhor o cliente e, com isso, fazer seguros sob medida.”
Recentemente, a TreeCorp Investimentos também decidiu apostar no setor de seguros ao investir na startup Ô Insurance, em conjunto com o family office Forest Holding. “De dois anos para cá, começamos a focar mercados onde enxergamos que a tecnologia vai promover grandes mudanças na entrega de serviços, por exemplo, setor financeiro”, destaca Daniel McQuoid, sócio-fundador da TreeCorp Investimentos, que tem participação na cafeteria Suplicy Cafés Especiais e na Innova, de administração de condomínios logísticos, comerciais e industriais.
Ontem, a BB Seguridade divulgou a entrada no fundo BR Startups, criado pela Microsoft Participações e gerido pela MSW Capital. A companhia disponibilizará inicialmente R$ 5 milhões para insurtechs que passarem pelo processo de seleção, aberto para inscrições nessa segunda-feira. “O objetivo, além de apoiar o desenvolvimento dessas empresas, é poder trazer a cultura de inovação para dentro da seguradora, com a preocupação de melhorar ainda mais a experiência do cliente”, afirma Ângela de Assis, diretora comercial e produtos da BB Seguridade.
Tecnologias como big data, inteligência artificial e internet das coisas (IoT) estão no radar da companhia. Não é à toa: a inteligência artificial, por exemplo, tende a melhorar a definição de preço e risco do seguro, segundo Franklin Luzes, COO da Microsoft Participações. “A forma de cálculo do seguro vai mudar muito. Existem modelos matemáticos muito complexos, com milhões de variáveis, para desenvolver a análise e, assim, fazer um seguro específico para cada pessoa.”
Comprar um seguro deveria ser tão simples como pedir um táxi por um aplicativo ou adquirir uma passagem on-line, diz Marcelo Lima, sócio da monashees, fundo com investimento na Bidu Corretora. Para Pat Burtis, sócio da Amadeus Capital, que também investiu na Bidu, as seguradoras precisam de novas formas para atingir, envolver e manter os clientes, principalmente o público mais jovem. “Esses consumidores estão comprando seguro pela primeira vez e têm diferentes expectativas em relação aos seus pais sobre conveniência, preço e atendimento.”
Mas para a venda on-line de seguros se tornar uma realidade no Brasil há um caminho não tão curto a ser percorrido. “O canal on-line no Brasil ainda está em sua infância”, observa Burtis.
A venda 100% on-line depende de avanços na regulamentação, avaliam especialistas. Por e-mail, a área técnica responsável na Superintendência de Seguros Privados (Susep) disse “não haver requisitos específicos para autorização ou registro de seguradoras ou corretoras interessadas em operar exclusivamente pela internet”. O órgão regulador também ressaltou que a venda on-line já vem sendo praticada por algumas empresas, e o aumento da participação no total de vendas de seguros depende dos esforços do mercado em investir nesse canal de distribuição.
Escrito por Danylo Martins para o Valor Econômico.
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