Por José Prado

O mercado de insurtechs no Brasil está cada vez mais aquecido e atraindo capital de investidores atentos ao potencial de disrupção dessas startups no país. 

Em 2021, segundo o monitoramento do Conexão Fintech, as insurtechs brasileiras receberam em investimentos mais de meio bilhão de reais. O número ainda não é tão alto quando comparado com os R$ 33 bilhões arrecadados por startups até setembro de 2021, segundo levantamento da KPMG em parceria com a ABVCAP (Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital). Para termos uma comparação, as fintechs brasileiras superaram esta marca em 2018, mas sem dúvida estamos caminhando na direção certa com um recorde de investimentos anual e com duas rodadas que bateram recordes a rodada da Justos como maior valor de um Series A para uma startup pré-operacional na américa latina e a 180º Seguros com o maior seed para uma startup de seguros no mesmo mercado. 

É possível notar, pelos ramos de atuação das investidas, o potencial diverso do setor, tais como: auto, residencial, cobertura celular, vida e saúde. Apesar disso, a maioria das investidas tem o consumidor final como seu principal foco de vendas, mostrando que talvez exista um potencial ainda inexplorado em soluções B2B e B2B2C. Estes investimentos podem ser usados como uma medida de sucesso para o programa de Sandbox da Susep, visto que 6 dos 10 maiores aportes foram para empresas selecionadas para o programa. 

Confira abaixo as maiores rodadas de investimentos de venture capital em insurtech no Brasil: 

1 – JUSTOS – R$ 197 milhões

Em outubro a startup criada por Dhaval Chadha, Jorge Soto Moreno e Antonio Molins, levantou a maior rodada do ano, U$ 35,8 (cerca de R$ 197 milhões). A rodada série A foi liderada pela Ribbit Capital com participação dos fundos SoftBank Latin America Fund e GGV. Também participaram da rodada os já investidores Kaszek, BigBets, David Velez (CEO do Nubank) e Carlos Garcia Otatti (CEO da Kavak).

“Estamos muito animados e gratos pela confiança dos nossos investidores, colaboradores e outros parceiros. Agora o foco é em executar à altura dessa confiança, criando um produto que ajude acelerar a democratização de seguros no Brasil.”, afimou Dhaval Chadha, CEO da startup.

2 – Sami – R$ 110 milhões

A startup de planos de saúde para pequenas empresas Sami anunciou em dezembro que recebeu um aporte de 110 milhões de reais liderado pelos fundos de capital de risco DN Capital, Monashees, Redpoint e Valor Capital.

Trata-se da extensão de uma rodada inicial recebida no ano passado, elevando a captação total para cerca de 200 milhões de reais e envolveu também os fundos Two Culture Capital, Endeavor Scale Up Ventures, The Fund, Lakewood, além dos investidores Kevin Efrusy e Ricardo Marino, este o presidente do conselho do Itaú Unibanco para a América Latina.

3 – PIER – R$ 108 milhões

Figurinha frequente nessa lista nos últimos anos, a Pier levantou em setembro um novo aporte de R$ 108 milhões (U$ 20 milhões) em rodada Séries B, liderada pelo Raiz Investimentos. a empresa projetou um crescimento expressivo do seu faturamento anualizado, que já atingiu R$48 milhões em outubro de 2021, um aumento de 312% quando comparado ao mesmo mês do ano anterior.

O CEO da Insurtech, Igor Mascarenhas, comenta sobre o crescimento da empresa e a autorização inédita da Susep para atuar com licença definitiva em todo o Brasil que a Pier conseguiu, “estamos muito felizes com esse feito e com o que construiremos daqui pra frente. Vamos seguir utilizando inteligência artificial para melhorar a experiência com seguros, assim como fizemos com reembolso instantâneo e com a cobertura de Furto Simples para celulares”.

4 – Azos – R$ 55 milhões

Após um ano da sua primeira rodada de venture capital, a insurtech Azos, levantou R$ 55 milhões em rodada liderada pela gestora Prosus, a antiga Naspers Ventures. Também participaram, Kaszek Ventures e Maya Capital que já haviam investido na startup anteriormente.

A proposta da insurtech, que nasceu a partir de experiências ruins dos sócios com esse mercado, é tornar os seguros de vida, invalidez e doenças graves muito mais acessíveis, por meio de ganhos de eficiência e redução de custo. 

5 – 180º Seguros – R$ 44 milhões

Mais uma novata na lista, a 180º Seguros começou com pé direto. Em maio a startup divulgou rodada Seed de U$ 8 milhões (R$ 44 milhões) lideradas pelos fundos Canary, Dragoneer e Rainfall.

A startup foi criada pelos empreendedores Mauro Levi D’Ancona (Nubank), Alex Körner e Franco Lamping possui um modelo de negócio que foca no mercado corporativo. Com sua tecnologia, os clientes podem desenvolver seus próprios produtos de seguros. 

6 – IZA– R$ 16,5 milhões

Em operação desde abril, oferecendo seguro de acidentes pessoais 100% digital, a insurtech IZA recebeu 16,5 milhões em rodadas com investidores anjos. 

A empresa que foi aprovada na primeira rodada do sandbox da Susep, um ambiente criado para que novos projetos possam inovar com produtos inéditos para o mercado de seguros, oferece seguros de forma online com apólice de R$ 35mil para proteção dos segurados em caso de acidentes, a um valor mensal acessível, inferior a R$ 1 por dia.

7 – Darwin – R$ 11 milhões

Em fase pré-operacional, a insurtech criada pelos ex-sócio da Stone e ex-diretor de M&A da BBM Logística, Carlos Alberto Souza Barros e Firmino Freitas, pretende inovar o seguro auto usando dados e inteligência artificial. A startup aprovada na segunda turma do sandbox da Susep recebeu R$ 11 milhões em rodada Seed.

A primeira captação da insurtech teve a participação dos fundos de venture capital Invisto Capital e Duxx Investimentos, fundos com investimentos em fintechs e insurtechs, e que no caso da DUXX, conta como principais acionistas Marcos Couto, que tem mais de 30 anos de experiência em seguros e Daniel Matumoto. O investimento envolveu ainda outros investidores estratégicos como Felipe Affonso, ex-diretor do Softbank Brasil, Antonio Lemos, ex-CEO da Unidas, Ricardo Bechara, ex-CEO e fundador da Rappi Brasil, Fernando Julianelli, CEO da Stockcar, e Enrico Ventura, ex-diretor geral na Bradesco Seguros Auto/RE.

8, 9 e 10 – 88i Seguradora Digital, Flix e Seu Guru

Com rodadas de R$ 5 milhões, completam a lista, 88i Seguradora Digital, Flix e Seu Guru. As duas primeiras receberam investimentos da gestora de venture capital Domo Invest e a última em rodada liderada por Pércio de Souza. 

Integrante do Sandbox da Susep, a Flix é a única da lista focada 100% em seguros e assistências residenciais. Em agosto, a startup criada em 2020 por Felipe Barranco, Marcos Carneiro e Manoel Carlos Barranco lançou a Flix2Business, uma plataforma B2B2C, com objetivo de oferecer uma nova frente para distribuição de seus produtos. 

“Os investimentos recebidos pela Flix, estão sendo aplicados em diversas áreas, mas muito focado na ampliação da empresa através de novas contratações, de profissionais referência no mercado, pessoas que estão formando um time campeão para o ano que está vindo, possamos bater as nossas metas e aumentar em 100% a nossa atuação” destaca Felipe Barranco, CEO da Flix

A 88i Seguradora Digital é uma insurtech focada em ecossistemas de mobilidade delivery, fintech e ecommerce. Recebeu também um investimento estratégico de R$ 1,5 milhões da Dash (rede de blockchain) em junho e outros investimentos privados. Também é integrante do Sandbox da Susep.

Os investimentos na 88i serão e já são dedicados em 3 grandes linhas: growth hacking (MKT Digital); inteligência de dados (inteligência artificial e machine learning); e produtos digitais. Terminaremos 2022 com 200.000 apólices. Destaca Rodrigo Ventura, fundador da 88i.

A Seu Guru possui como proposta desenvolver uma plataforma digital para oferta de seguros para profissionais autônomos, MEIs e pequenas empresas.

Esses são os 10 maiores investimentos públicos de venture capital em startups de seguros. Outras formas de investimentos também alavancaram com o setor, como o M&A da Minutos Seguros pela Creditas e novas iniciativas de Corporate Venture. Mas esses deixamos para uma próxima conversa. Uma coisa é certa, 2022 promete!

Sobre o autor:

José Prado é CEO do InsurTech Brasil e diretor da Associação Brasileira de Insurtech. Uma das vozes mais ativas de insurtech no mercado, Prado foi um precursores do movimento Insurtech no Brasil.

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